O dia que eu me conheci melhor

16/12/2015

Parecia mais um dia monótono como todos os outros daquele mês corrente. A mesma rotina, as mesmas desilusões, os problemas iguais e a angustia corriqueira que me acompanhara por mais de um ano. Até que em um pequeno momento, um singelo gesto que fiz durante uma fração de segundos mudou completamente aquele dia – e também a minha vida.

Estava prestes a voltar ao trabalho, uma olhada rápida no facebook nos minutos finais do meu intervalo foi suficiente para que a minha vida toda desse uma reviravolta de volta, meu dia se iluminasse e eu me encaixasse novamente.
Foi um artigo chamado “Os quatro dons das pessoas altamente sensíveis”¹ que me contou que eu era uma sigla de três letras. Eu era uma PAS – pessoa altamente sensível.

No primeiro momento pode-se pensar algo clichê e dramático. Mas não é bem assim.
O texto inicia fazendo perguntas que eu me questionei por anos. Esse foi o primeiro impacto, eu podia me ver aos 10 anos conversando comigo mesma de frente com o espelho repetindo aquelas mesmas palavras. E a cada parágrafo, relato, informação que passava diante dos meus olhos refletia na minha mente como um flashback de filme antigo.

Li o artigo por inteiro, sem pular se quer uma vírgula e eu entendi. Eu fiz todo o sentido para mim mesma.

Eu sempre soube que havia algo diferente, não extraordinariamente diferente, algo apenas especialmente incomum. É um dom, eu nasci com ele e o reconheci neste dia.

Desde muito jovem eu me observei por dentro. O sentimento que eu produzia, o que ocasionava, se era bom ou ruim, como multiplicá-lo, transmiti-lo ou exterminá-lo. Sempre fui muito observadora de mim mesma o que me possibilitou ser a minha própria melhor amiga. (Não desconsiderando as minhas amizades reais, porém eu me sentia bem assim). Eu me sentia bem comigo, não me sentia sozinha, eu aprendi desde muito cedo a desfrutar da minha própria companhia.

Eu falava sobre coisas que eu pensava e percebia e as pessoas discordavam, ou não entendiam. Isso muitas vezes me deixava furiosa, eu não sabia como agir, o que eu falava não fazia sentido algum, ou diferença. “Qual o meu problema?” eu pensava. Até que eu descobri, que nem um.

Passamos meses, até anos tentando descobrir quem somos, qual nosso lugar no mundo, que posição devemos ocupar. Olhamos para todos os lados menos para o mais importante, o lado de dentro da gente.

Eu aprendi isso bem cedo e era surreal. Só que ao mesmo tempo em que é muito bom alcançar esse nível de equilíbrio, chega a ser muito preocupante, porque se o seu trem sai do trilho, as coisas desandam e tudo fica uma bagunça pra você. É um estilo de vida realmente muito intenso na qual fui escolhida para viver.

Há um tempo perdi o controle do meu trem e esse simples artigo que alguém escreveu para pessoas como eu me fez descobrir que eu não me tornei assim, eu nasci assim. Descobri o porquê dos meus sentimentos intensos, do meu prazer na solidão, do meu bem-estar interior, da bagunça que às vezes acontece por aqui. Tudo o que se manifesta na minha mente e no meu coração puderam ser sintetizados e anotados.

Me apego à intuição, à leveza, ao sentimento expressivo, carinho excessivo. Quanto mais presente, mais vou te querer. Sou uma lógica ambulante, completamente ao pé da letra.  


2 comentários:

  1. Nossa, esse texto foi bem profundo haha, realmente a gente tenta encontrar nosso lugar no mundo, amei o post!

    Beijos!
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    1. É bem importante mesmo, Math.
      Fico feliz que tenha gostado do texto. Beijo <3

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Obrigada pela visita e até a próxima!

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