Parecia mais um dia monótono como todos os outros daquele
mês corrente. A mesma rotina, as mesmas desilusões, os problemas iguais e a
angustia corriqueira que me acompanhara por mais de um ano. Até que em um
pequeno momento, um singelo gesto que fiz durante uma fração de segundos mudou
completamente aquele dia – e também a minha vida.
Estava prestes a voltar ao trabalho, uma olhada rápida
no facebook nos minutos finais do meu intervalo foi suficiente para que a minha
vida toda desse uma reviravolta de volta, meu dia se iluminasse e eu me encaixasse
novamente.
Foi um artigo chamado “Os quatro dons das pessoas
altamente sensíveis”¹ que me contou que eu era uma sigla de três letras. Eu era
uma PAS – pessoa altamente sensível.
No primeiro momento pode-se pensar algo clichê e dramático.
Mas não é bem assim.
O texto inicia fazendo perguntas que eu me questionei
por anos. Esse foi o primeiro impacto, eu podia me ver aos 10 anos conversando
comigo mesma de frente com o espelho repetindo aquelas mesmas palavras. E a cada
parágrafo, relato, informação que passava diante dos meus olhos refletia na
minha mente como um flashback de filme antigo.
Li o artigo por inteiro, sem pular se quer uma vírgula
e eu entendi. Eu fiz todo o sentido para mim mesma.
Eu sempre soube que havia algo diferente, não
extraordinariamente diferente, algo apenas especialmente incomum. É um dom, eu
nasci com ele e o reconheci neste dia.
Desde muito jovem eu me observei por dentro. O
sentimento que eu produzia, o que ocasionava, se era bom ou ruim, como
multiplicá-lo, transmiti-lo ou exterminá-lo. Sempre fui muito observadora de
mim mesma o que me possibilitou ser a minha própria melhor amiga. (Não
desconsiderando as minhas amizades reais, porém eu me sentia bem assim). Eu me
sentia bem comigo, não me sentia sozinha, eu aprendi desde muito cedo a
desfrutar da minha própria companhia.
Eu falava sobre coisas que eu pensava e percebia e as
pessoas discordavam, ou não entendiam. Isso muitas vezes me deixava furiosa, eu
não sabia como agir, o que eu falava não fazia sentido algum, ou diferença. “Qual
o meu problema?” eu pensava. Até que eu descobri, que nem um.
Passamos meses, até anos tentando descobrir quem somos,
qual nosso lugar no mundo, que posição devemos ocupar. Olhamos para todos os
lados menos para o mais importante, o lado de dentro da gente.
Eu aprendi isso bem cedo e era surreal. Só que ao mesmo
tempo em que é muito bom alcançar esse nível de equilíbrio, chega a ser muito preocupante,
porque se o seu trem sai do trilho, as coisas desandam e tudo fica uma bagunça
pra você. É um estilo de vida realmente muito intenso na qual fui escolhida
para viver.
Há um tempo perdi o controle do meu trem e esse simples
artigo que alguém escreveu para pessoas como eu me fez descobrir que eu não me
tornei assim, eu nasci assim. Descobri o porquê dos meus sentimentos intensos,
do meu prazer na solidão, do meu bem-estar interior, da bagunça que às vezes acontece
por aqui. Tudo o que se manifesta na minha mente e no meu coração puderam ser
sintetizados e anotados.
Me apego à intuição, à leveza, ao sentimento expressivo,
carinho excessivo. Quanto mais presente, mais vou te querer. Sou uma lógica
ambulante, completamente ao pé da letra.
Nossa, esse texto foi bem profundo haha, realmente a gente tenta encontrar nosso lugar no mundo, amei o post!
ResponderExcluirBeijos!
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É bem importante mesmo, Math.
ExcluirFico feliz que tenha gostado do texto. Beijo <3