Sobre um tempo que passou...

30/05/2016

Fonte: imisshowitwasbefore.tumblr.com


“Estou escrevendo porque não consigo mais me encontrar.
Quando paro pra pensar em quem eu sou, qual meu lugar no mundo, me sinto completamente perdida. Há semanas não posto no blog e tento acreditar que é por causa do meu tempo que é curto, por conta de estudar e trabalhar, mas tô mentindo pra mim mesma, sei que não é isso.

Eu não tenho mais escrito textos novos pelo simples fato de nunca parar para tentar produzir nada. Eu fiquei me perguntando ‘por que que antes eu conseguia ser tão bem resolvida e hoje sou essa bagunça? O que eu fazia antes que dava certo? ’. Eu sei a resposta, eu só não faço. E por que eu não faço? Eu não sei.

Daí então me lembrei o motivo de porquê comecei a escrever, normalmente vários dos melhores escritores que existe e artistas no geral começaram a produzir para expor seus sentimentos, comigo não foi diferente. Bastou uma mágoa para que eu desse início a uma série de escritos, que eu nunca contei quantos, mas que nunca mais parou, ou não havia parado até então. E eu acreditei que escrever resolveria meu problema, como resolveu daquela vez. Mas acontece que no primeiro momento não foi assim. Eu comecei a me preocupar em qual título daria a este texto, sem ao menos ter a intenção de publicá-lo. Passei dias pensando disso, até chegar à conclusão que: não precisa haver um título antes de o texto estar pronto.

Essa é a primeira vez em meses que eu abro um rascunho de papel em branco e apenas escrevo como se o tempo não voasse... como se não restasse nada mais para eu fazer do meu dia. Escrevendo sem ao menos olhar na tela do computador para consertar as palavras erradas, apenas escrevendo.

Eu sei que já escrevi várias vezes sobre crises existenciais e sobre se reencontrar. Na verdade, os textos sempre foram escritos para mim mesma, pensando em um bem comum. Eu sempre me sentia assim, em algum momento estava me sentindo perdida e nos momentos em que eu me encontrava, era o momento em que eu produzia. E era isso que me ajudava e eu imaginava que alguém em algum lugar talvez estivesse passando pela mesma coisa no exato momento e eu acreditava que se eu escrevesse para mim e publicasse, algum dia essa ou essas pessoas poderiam encontrar e então eu as ajudaria como estava me ajudando. Esse era o propósito.

Lembro que eu não era menos ou mais gentil do que sou hoje, mas eu tinha mais facilidade em lidar com as pessoas, ou elas eram mais boazinhas, não sei. Eu tinha mais amigos. Sim, eu tinha. Sem achar essa história de que “partiram então nunca foram”. Eles foram, só não durou para sempre e só porque não durou para sempre não vou desconsiderar o tempo bom que passaram ao meu lado.

Isso remete a outro problema que tenho, que é em conhecer novas pessoas. Eu sempre acho que a pessoa vai me rejeitar por algum motivo e antes eu não tinha esse medo. Antes eu era contida, mas hoje eu sou extremamente tímida e isso me prejudica às vezes. Isso envolve outra coisa que essa parada de não me reconhecer está me prejudicando, que é saber o que as pessoas esperam de mim. Eu estou igualmente quando eu tinha dez anos, tinha medo das pessoas não gostarem de mim e acabava sendo um resultado da posição delas diante de mim. Eu nem sabia quem eu realmente era, do que eu realmente gostava, eu simplesmente era o que agradasse as pessoas e isso me bagunçou completamente como está me bagunçando agora. Eu só queria ser aceita naquela época. E agora, o que eu quero com tudo isso?

Eu sempre imagino que tenho que escolher um lado, fazer parte de um grupo, seguir um estilo de vida baseado em alguma coisa, porque a maioria das pessoas faz isso hoje em dia. Sempre há um lugar onde essa pessoa se encaixe e eu tinha medo disso, medo de não me encaixar em lugar nem um porque parecia que eu gostava de um monte de coisas. Até hoje tenho esse problema. Mas eu preciso entender que eu não preciso me rotular e escolher uma só coisa, se eu gosto de várias. E daí se eu não conheço e nem curto todas as bandas que estarão naquele festival que eu quero ir? Não preciso saber de tudo, basta querer estar por um motivo meu, eu não preciso ser igual às outras pessoas para andar junto delas. Elas podem gostar de mim desse jeito. E se não gostarem, não tem problema. Eu realmente não fui feita pra qualquer pessoa gostar.

Ser blogueira, bailarina, feminista, ouvindo músicas alternativas e dançando o que tocar. Com 20 anos andando de patins, vendo os filmes que eu gosto, lendo os livros que eu gosto. Eu gosto de coisas diferentes da maioria às vezes, mas isso é ok. Eu amo estar com gente alternativa, séria e inteligente, mas gosto de gente boba, risonha e fofa. Eu consigo misturar isso. Não tenho que ter vergonha de mostrar a minha arte, de ser quem eu realmente sou, apesar das divergências. Eu não tenho que ter medo de ser a única em alguma coisa.

Eu gosto de tudo que tenho ao meu redor e sou muito grata por isso, pois tenho bem mais do que eu poderia pedir. Eu apenas tenho que usufruir isso da maneira correta. Eu não posso deixar passar pois tudo que eu tenho é tão maravilhoso. Eu sou tão privilegiada.

Eu tenho um blog que eu amo, tenho todo o suporte possível para fazer ele, uma boa câmera, internet, computador próprio. Tenho um bom quarto com muitas coisas e roupas. Tenho tv a cabo, tenho tudo na minha casa, nunca tive necessidade de nada, não só tive, como tive o melhor de todas as coisas. Eu tenho uma mãe que deixa comida pronta pra quando eu chegar em casa, faz as coisas pensando em ser o melhor que pode me dar, muitas pessoas não tem isso, muitas pessoas não tem nem mãe. Eu tenho amigos incríveis, amigos de uma data tão longa que eu nem me lembro como era a minha vida antes deles estarem nela e os conservo até hoje. Eu preciso fazer mais por eles ir visitá-los, saber da vida deles, o que acontece diariamente, me aproximar, passar algum tempo com eles... Gino foi o maior presente que já ganhei na vida até então, ele está idoso e eu preciso fazer com que pelo menos o resto da vida dele seja completamente feliz.”

¹Esse foi um texto de erros e acertos que escrevi há uns meses atrás para que eu pudesse entender as coisas que estavam fora do lugar. Superei e então decidi postar.

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