Me descobri poesia

16/07/2016



Quinze de julho, a noite em que eu consegui de fato me reconectar. Eu precisava escrever sobre muitas coisas, enfim, escrevi sobre isso. A maré não está tão brava quanto as outras viagens já feitas, mas o balanço do barco me despertou de um quase sono. Minha mente vagando sobre o cansaço e a reflexão sobre Estrela, a protagonista do livro que eu acabara de eleger ser o meu preferido.
Levantei-me, fui ao banheiro. Ao sair me deparei com pingos de luz no horizonte, do outro lado do rio estava Vila de Conde, uma vila famosa no interior de Barcarena a qual eu nunca visitei. Eu já passei por aqui centenas de vezes, mas hoje as luzes me hipnotizaram. Elas disseram-me, “fique”. Eu pouco pude distinguir o que de fato eram estas luzes, casas, palcos, postes, não sei afirmar ao certo além dos três navios à deriva.  Também, pouco importa, aos meus olhos eram maravilhosos pingos de luz que me diziam, “seja bem-vinda de volta”.
Acima dos pingos de luz localizei o Cruzeiro, a única constelação que conheço a olho nu, além das Três Marias. Havia entre ele uma nuvem rasa que tinha formato de ave. Mais parecia uma fênix, só que com asas cortadas, pois eram um tanto quanto desproporcionais ao tamanho da ave de nuvem. Um rasgo claro a iluminou de repente. Fiquei na ponta dos pés e avistei uma meia-lua. O céu parecia tão perto, que se eu subisse as escadas para o segundo andar talvez pudesse toca-lo. Esse foi o momento em que eu me senti. Me senti novamente como não havia me sentido em anos, senti como me sentia nos velhos tempos. Precisei escrever – e consegui. Estava insegura, com medo de tentar escrever e não conseguir descrever o que eu sentia. Então me descobri poesia, aqui estou.  

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