Quinze
de julho, a noite em que eu consegui de fato me reconectar. Eu precisava
escrever sobre muitas coisas, enfim, escrevi sobre isso. A maré não está tão
brava quanto as outras viagens já feitas, mas o balanço do barco me despertou de
um quase sono. Minha mente vagando sobre o cansaço e a reflexão sobre Estrela,
a protagonista do livro que eu acabara de eleger ser o meu preferido.
Levantei-me,
fui ao banheiro. Ao sair me deparei com pingos de luz no horizonte, do outro
lado do rio estava Vila de Conde, uma vila famosa no interior de Barcarena a
qual eu nunca visitei. Eu já passei por aqui centenas de vezes, mas hoje as
luzes me hipnotizaram. Elas disseram-me, “fique”. Eu pouco pude distinguir o
que de fato eram estas luzes, casas, palcos, postes, não sei afirmar ao certo
além dos três navios à deriva. Também,
pouco importa, aos meus olhos eram maravilhosos pingos de luz que me diziam,
“seja bem-vinda de volta”.
Acima
dos pingos de luz localizei o Cruzeiro, a única constelação que conheço a olho nu,
além das Três Marias. Havia entre ele uma nuvem rasa que tinha formato de ave.
Mais parecia uma fênix, só que com asas cortadas, pois eram um tanto quanto
desproporcionais ao tamanho da ave de nuvem. Um rasgo claro a iluminou de
repente. Fiquei na ponta dos pés e avistei uma meia-lua. O céu parecia tão
perto, que se eu subisse as escadas para o segundo andar talvez pudesse
toca-lo. Esse foi o momento em que eu me senti. Me senti novamente como não
havia me sentido em anos, senti como me sentia nos velhos tempos. Precisei
escrever – e consegui. Estava insegura, com medo de tentar escrever e não
conseguir descrever o que eu sentia. Então me descobri poesia, aqui estou.
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