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Dia desses tava conversando com
a minha amiga Marília. Nós nos conhecemos há mais ou menos cinco anos apenas
pela internet. Marilia é como se fosse a minha irmãzinha mais nova, nós sabemos
todos os sentimentos uma da outra porque a gente faz questão de compartilhar
todos eles. A gente se conheceu no Twitter, trocávamos dms, depois trocamos
mensagens no chat do facebook, trocamos mensagem de texto, whatsapp e
atualmente a nossa diversão é trocar e-mails. Não mensagens, e-mails, textos
gigantescos porque temos muito a dizer.
Em uma das nossas conversas a
pauta era sobre os desequilíbrios emocionais que a grande maioria da juventude
de hoje vivencia. Sim, não é só você, ou a sua amiga, ou você e ela. Eu passo
por isso, a Mari também, a menina que eu dizia não gostar também, aquela que já
foi minha amiga e não é mais também, a que conspira contra e várias das pessoas
que vejo na rua, tenho a sensação que também sentem a mesma coisa. Começa com
um desconforto, um descontentamento conosco, com a vida, com o temos, com o que
não podemos ter agora.
A gente se sente insatisfeito e
incapaz de conseguir mais ao mesmo tempo. Se questiona para qual proposito
estamos vivendo, se estamos agindo certo, porque obviamente queremos uma
resposta positiva. Mas por quê?! Porque eu necessariamente tenho que ter
nascido para tal coisa? Por que atualmente as pessoas depositam expectativas na
gente, que muitas vezes nos obrigamos a cumprir sem ao menos nos questionar se
realmente queremos fazer? Colocamos em risco nossa paz espiritual e nossa
sanidade até aceitando as severas cobranças do sistema, dos outros e de nós
mesmos. Eu tenho que agir de maneira X, porque quero uma resposta Y. Não
importa o quanto tenha que me maltratar, eu preciso dessa resposta Y, pois a
resposta Z não me serve, porque a sociedade disse que não serve. Temos
depressão, transtornos de ansiedade, insônia, síndrome do pânico e um bocado de
outras coisas – em segredo, muitas vezes –que ganhamos de brinde desse sistema
caótico que gira em torno da nossa juventude. Portanto, não se trata de
“modinha” e nem “romantização”, é necessário falar disso.
Marilia e eu notamos que a
nossa geração recebeu uma carga intensa de expectativa e responsabilidade com
uma idade que ainda não cabia a nós. Faculdade aos 16 quiçá aos 18, o primeiro
emprego tem que ser o quanto antes, reduz a maioridade penal, porque o
adolescente tem noção. Não o adolescente não tem noção, nem mesmo eu no auge
dos meus 21 tenho noção do que quero de fato pra minha vida. Tenho vontade,
tenho sonhos, tenho perspectiva, mas tudo muda e tudo é incerto, porque não me deixaram
escolher e agora que eu quero, não tenho tanta segurança assim. Mas pera, eu
não posso ser incerteza, as pessoas esperam uma resposta e o mundo gira rápido
demais, eu preciso acompanhar, ou outra pessoa mais atenta vai passar na minha
frente.
Como no vestibular, entramos na
sala de aula e olhamos para todas aquelas pessoas como se elas fossem nossas
concorrentes na grande esteira da vida acadêmica. Primeiro, nem sabemos se de
fato algum deles está tentando cursar a mesma faculdade que a gente. E quando
descobrimos, temos certeza, ‘nosso concorrente’. Não paramos para pensar que na
verdade, é nosso possível colega
de profissão. Viu a diferença dos pensamentos? A gente se acostuma com a
sobrecarga e acaba normalizando e aceitando muita coisa que não, não devemos
aceitar.
Não, eu não vou fingir que não
estou afim de você só pra aumentar seu interesse e elevar meu ego, isso é perda
de tempo e de oportunidade de sentir. Aquela ridícula cultura do desinteresse que essa geração insiste em consolidar.
Ou então, a teoria do não amor,
“quebrei a cara, amor é mito”. Não, gente, tá tudo errado. Claramente tá tudo
errado e mais errado ainda é a gente achar que está errado e reproduzir o erro.
Existem muitas outras coisas que a gente olha, acha errado e não fala, porque
já disseram que é daquele jeito que se faz. Precisamos falar disso. O que nos
instiga? Nos incomoda? O que tá ao contrário?
Normalmente eu venho aqui para
depositar respostas, mas hoje não, hoje eu vim plantar questionamentos em vocês
sobre vocês mesmos, não sobre os outros. Porque se fosse para observar os
outros, do jeito que estamos, só iriamos criticá-los. Ou seja, não pense nos
outros, pense em você! Hoje é o dia que
pensar em si é a coisa mais importante a fazer. “Como eu posso não reproduzir esses vícios no qual fui
ensinado?”. Você não pode mudar os outros, mas pode fazer algo por si.
Imagine se cada pessoa que ler este texto procurar mudar um pouco a partir de
agora.
"A gente se sente insatisfeito e incapaz de conseguir mais ao mesmo tempo. Se questiona para qual proposito estamos vivendo" Marcos e eu estávamos no mesmo dilema esta segunda. estamos numa geração onde todos os sentimentos se resumem a frustração. Adquirimos muita responsabilidade com pouca idade e a pressão de ser/ter alguma coisa [vida profissional/mercado de trabalho] pressão dos pais, estudos, enfim, "n" situações. acabamos por não "viver". é a tal da sobrecarga psiquica kkk. excelente texto.
ResponderExcluirDesconstruindo blog