A vida quando relacionamentos acabam

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     A vida pós-término é sempre uma página em branco, se você não enxerga dessa forma, então você ainda está no relacionamento – mesmo que ele tenha acabado.

     De repente aquela rotina já não existe mais. Você tem que reaprender a fazer suas coisas sozinha, se ‘re-conhecer’ de novo e melhor ainda que antes. Agora você é uma pessoa nova e não tem como ignorar isso, nem como voltar atrás. Acontece que isso leva tempo e a gente nunca sabe o quanto de tempo isso leva. A gente é que tem pressa, no mês seguinte já acha que vai estar tudo sob controle e que a vida vai seguir normalmente como ela era antes daquela pessoa, mas não funciona bem assim, porque a presença de alguém na vida da gente causa mudança, há transformação de alguma forma.

     Meu último relacionamento terminou porque eu mudei, não houve drama, nem brigas ou traição, como a gente acha terminam os relacionamentos que a gente vê por aí. Terminou porque simplesmente a mulher que tenho me tornado não era a mulher certa praquele namoro; a mulher de antes talvez fosse, mas a mulher de hoje é bem diferente.

     Ao mesmo tempo sinto que não conheço nada em mim ainda. É como se uma pessoa nova morasse, dormisse e acordasse comigo. Em alguns momentos ao olhar no espelho eu não a reconheço, mas não de um jeito ruim. De um jeito novo. Como algo que faz parte. E todo esse processo de readaptação dentro da sua própria vida após o fim de um relacionamento tem várias etapas e eu demorei alguns meses pra entender que se conhecer – antes de conhecer outras pessoas – vem primeiro. É aí que você se reinventa, descobre novos gostos, cria novos hábitos, faz aquilo que você sempre quis e até o que nunca imaginou que faria. Você retoma o lugar mais importe da sua vida, sendo você a sua prioridade. Estar com alguém é ótimo, mas não quando você sente falta de si. Nem uma zona de conforto nos braços de alguém é melhor que o aconchego de morar dentro do próprio coração.