Quando era mais nova e tinha acabado de mudar de cidade, minha vida era relativamente “vazia”. Eu tinha acabado de sair do meu emprego, estava recebendo suporte financeiro do seguro, morando de favor na casa da minha prima. Eu não tinha trabalho, eu ainda não tinha um ciclo social, lugares que gostava de frequentar, eu não conhecia quase nada e não sabia andar sozinha na minha cidade ainda, ou seja, eu não tinha coisas pra fazer. Minha ocupação era sonhar.
Eu queria preencher a minha nova vida. Mas por onde eu ia começar?
Nessa época eu tinha três sonhos: trabalhar com fotografia, criar conteúdo e escrever - falar sobre esses assuntos que eu já falo. E continuo com os mesmos sonhos até hoje. Há sete anos.
Lembro que na época eu tinha muita inspiração para escrever e criar, mas pouca coragem pra sair sozinha e pra fotografar na rua, não conhecia lugares ou tinha companhia, então eu foquei em me estruturar primeiro. Em pouco tempo consegui meu primeiro trabalho, era em uma cafeteria e minha vida realmente parecia um filme. Eu tava muito empolgada vivendo e tentava criar do jeito que dava, mas ainda não era perfeito, e por mais que quisesse, sempre tinha algo que vinha antes dos meus sonhos.
Logo aluguei meu primeiro apartamento, meu primeiro lar e toda a energia que sobrava além do trabalho, era tentando organizar minha casa. Eu já tinha um ciclo social, já conhecia alguns lugares e a vida foi acontecendo. Eu fui subindo degraus, mudei de emprego, ganhei um pouco melhor, comecei a sair mais, mudei de casa de novo, fui promovida, veio a pandemia, mudei de trabalho e tentei empreender. Nunca parei de escrever, mas a fotografia estava na gaveta já há um tempo e eu não me sentia mais uma criadora de conteúdo. Arranjei um novo empego e tentei conciliar os plantões e o empreendedorismo, nesse meio tempo descobri que amava marketing, quis voltar a fotografar, continuei com as vendas e tudo isso demandava tanto de mim que com o passar do tempo não tinha mais disposição pros meus hobbies, nem mesmo para planejar as coisas que eu tinha vontade de fazer, eu só tinha vontade. E isso me gerou muita ansiedade, porque eu percebi que o que era um sonho pessoal com o passar do tempo se tornou um sonho profissional. Eu queria, literalmente, viver de arte e quero. Só que parecia que eu não era mais a mesma. Eu não conseguia mais refletir, vivia ansiosa e sobrecarregada. Sempre tinha algo atrasado pra fazer.
O sentimento de ver o tempo passando e sentir que não estava avançando em nada era constante, a única coisa constante na verdade, pois, não conseguia me manter frequente em em uma das atividades que eu gostava. A escrita, a criação de conteúdo estratégico nichado, a produção para cada plataforma específica. Eu não me sentia segura para nada. Me vi ali segurando vários pratinhos ao mesmo tempo e me veio o sentimento de que quando eu não tinha todas essas ocupações, eu tinha mais de mim pra dar. Foi quando eu decidi olhar pra minha vida de uma forma nua e crua. O que eu dava conta? Quais eram as minhas prioridades? O que era inegociável pra mim? Eu gostava de tudo, mas o que eu amava fazer? E o que me traria renda o suficiente pra fazer o que eu amava? Em todo esse tempo nem um desses sonhos saiu do meu coração, outras vontades vieram no caminho e eu me perdi no que era sonho e carreira, e percebi que o que faltava para eu me encontrar em meio a tudo isso era a “mente vazia”. Justamente o que eu tinha bem lá no começo.
Uma mente mais vazia nos possibilita se dedicar na medida certa para cada coisa. Isso me ajudou a não confundir meu hobby com trabalho e que por mais que tudo seja aparentemente monetizável, não preciso monetizar tudo. Eu passava 24h por dia pensando em como poderia trabalhar com todas as coisas que eu gostava, mas não estava me saindo bem em nem uma delas. Depois que eu larguei a pressão de fazer tudo virar profissão na marra, as coisas começaram a acontecer (dentro de mim e fora).
Se você anda se sentindo assim, talvez você precise ressignificar os seus pratinhos, não necessariamente largar algum deles, mas equilibrar eles em alturas diferentes.
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