Minha vida sem o tédio

28/03/2025


Quando era mais nova e tinha acabado de mudar de cidade, minha vida era relativamente “vazia”. Eu tinha acabado de sair do meu emprego, estava recebendo suporte financeiro do seguro, morando de favor na casa da minha prima. Eu não tinha trabalho, eu ainda não tinha um ciclo social, lugares que gostava de frequentar, eu não conhecia quase nada e não sabia andar sozinha na minha cidade ainda, ou seja, eu não tinha coisas pra fazer. Minha ocupação era sonhar.

Eu queria preencher a minha nova vida. Mas por onde eu ia começar?
Nessa época eu tinha três sonhos: trabalhar com fotografia, criar conteúdo e escrever - falar sobre esses assuntos que eu já falo. E continuo com os mesmos sonhos até hoje. Há sete anos.

Lembro que na época eu tinha muita inspiração para escrever e criar, mas pouca coragem pra sair sozinha e pra fotografar na rua, não conhecia lugares ou tinha companhia, então eu foquei em me estruturar primeiro. Em pouco tempo consegui meu primeiro trabalho, era em uma cafeteria e minha vida realmente parecia um filme. Eu tava muito empolgada vivendo e tentava criar do jeito que dava, mas ainda não era perfeito, e por mais que quisesse, sempre tinha algo que vinha antes dos meus sonhos. 

Logo aluguei meu primeiro apartamento, meu primeiro lar e toda a energia que sobrava além do trabalho, era tentando organizar minha casa. Eu já tinha um ciclo social, já conhecia alguns lugares e a vida foi acontecendo. Eu fui subindo degraus, mudei de emprego, ganhei um pouco melhor, comecei a sair mais, mudei de casa de novo, fui promovida, veio a pandemia, mudei de trabalho e tentei empreender. Nunca parei de escrever, mas a fotografia estava na gaveta já há um tempo e eu não me sentia mais uma criadora de conteúdo. Arranjei um novo empego e tentei conciliar os plantões e o empreendedorismo, nesse meio tempo descobri que amava marketing, quis voltar a fotografar, continuei com as vendas e tudo isso demandava tanto de mim que com o passar do tempo não tinha mais disposição pros meus hobbies, nem mesmo para planejar as coisas que eu tinha vontade de fazer, eu só tinha vontade. E isso me gerou muita ansiedade, porque eu percebi que o que era um sonho pessoal com o passar do tempo se tornou um sonho profissional. Eu queria, literalmente, viver de arte e quero. Só que parecia que eu não era mais a mesma. Eu não conseguia mais refletir, vivia ansiosa e sobrecarregada. Sempre tinha algo atrasado pra fazer.

O sentimento de ver o tempo passando e sentir que não estava avançando em nada era constante, a única coisa constante na verdade, pois, não conseguia me manter frequente em em uma das atividades que eu gostava. A escrita, a criação de conteúdo estratégico nichado, a produção para cada plataforma específica. Eu não me sentia segura para nada. Me vi ali segurando vários pratinhos ao mesmo tempo e me veio o sentimento de que quando eu não tinha todas essas ocupações, eu tinha mais de mim pra dar. Foi quando eu decidi olhar pra minha vida de uma forma nua e crua. O que eu dava conta? Quais eram as minhas prioridades? O que era inegociável pra mim? Eu gostava de tudo, mas o que eu amava fazer? E o que me traria renda o suficiente pra fazer o que eu amava? Em todo esse tempo nem um desses sonhos saiu do meu coração, outras vontades vieram no caminho e eu me perdi no que era sonho e carreira, e percebi que o que faltava para eu me encontrar em meio a tudo isso era a “mente vazia”. Justamente o que eu tinha bem lá no começo. 

Uma mente mais vazia nos possibilita se dedicar na medida certa para cada coisa. Isso me ajudou a não confundir meu hobby com trabalho e que por mais que tudo seja aparentemente monetizável, não preciso monetizar tudo. Eu passava 24h por dia pensando em como poderia trabalhar com todas as coisas que eu gostava, mas não estava me saindo bem em nem uma delas. Depois que eu larguei a pressão de fazer tudo virar profissão na marra, as coisas começaram a acontecer (dentro de mim e fora).

Se você anda se sentindo assim, talvez você precise ressignificar os seus pratinhos, não necessariamente largar algum deles, mas equilibrar eles em alturas diferentes. 


Sobre ser presente

27/01/2025

 

foto do meu cafézinho de hoje repleto de afeto


Muito se fala sobre 'ser uma pessoa presente' e quando tocamos nesse assunto, o que vem à cabeça é: nós quanto pessoa na vida de alguém; é muito fácil imaginar esse cenário. Mas hoje a nossa conversa é sobre como ser presente na sua própria vida.

Houve um tempo que eu me sentia muito vazia, muito perdida, como se eu estivesse sempre no piloto automático e é péssimo se sentir assim pelo tanto que você se desencontra de si mesma. É como se você não reconhecesse nada, nem você, nem sua posição diante da vida, seus propósitos... aos poucos você vai deixando de ver graça até mesmo nas coisas que você mais gosta.

Eu precisava sair disso de alguma forma e a resposta não poderia ser mais simples: Esteja presente.

Esteja presente na sua própria vida, desde o momento em que você acorda, no seu café da manhã; se arrume para viver o seu dia, dê atenção a cada tarefa, faça uma de cada vez, faça com amor, aos poucos você vai se sentindo mais presente, mais vivo e vai ver que todos os dias você vai se conhecendo um pouquinho mais. Eu percebi isso no momento em que lavava louça. Era um dia bem difícil, que eu vinha com uma sensação muito pesada de inércia que se arrastava a semana toda. Em um dado momento, deitada no meu sofá, eu comecei a contemplar tudo ao meu redor, me recordei de quando eu não tinha nada daquilo. Nem fogão, nem geladeira, nem mesmo o sofá no qual eu estava deitada, eu não tinha um copo e eu sonhava muito em ter minhas coisas. Nesse momento foi que eu tive o estalo, levantei rapidamente e comecei a lavar a louça que eu tava protelando e me dei conta que o que me afastava de mim era "excesso de preocupações". A mesma louça que tava ali me salvando naquele momento, era a louça que todos os dias me acusava de que eu não era cuidadosa, era desleixada e vários adjetivos que eu sei que não sou, mas sentia que estava sendo. Isso atacava diretamente a minha ansiedade, porque eu sabia que se a minha casa estava bagunçada, era porque a minha mente estava bagunçada. 

Eu associei essa situação com tarefas domésticas, porque quando eu estou muito ansiosa, são sempre tarefas domésticas que me trazem de volta e nesse dia foi assim. Comecei com a louça, meu quarto, o chão da casa e quando vi, já tinha terminado tudo, tomado um banho e estava em paz. 

Eu não sei o que te deixa sã, mas sempre temos um gatilho e o que eu posso te aconselhar é: comece pelo ambiente e tente descobrir o que é que te trás de volta para o presente, pois, quando deixamos de praticar a presença na nossa própria vida, para o nosso próprio bem, impedimos a nossa evolução de acontecer. É por isso que você sente que não se conhece.

Agora vai lá. Te desafio a me deixar falando sozinha aqui e ir fazer alguma tarefa que você sabe que precisa da sua atenção.


Conhecendo São Paulo

17/11/2024

 Há quase 1 ano eu fui a São Paulo. E agora que eu estou prestes a revisitar essa cidade incrível, eu quero contar pra vocês o resumo da grande aventura que foi conhecer a maior cidade do Brasil e viajar sozinha pela primeira vez!

Sim, você leu certo. Fui conhecer São Paulo e fui sozinha!

No começo de 2023 comprei um ingresso pra ver o show do RBD. O que eu achava que era uma viagem rápida pra ver a minha banda favorita, acabou se tornando uma super viagem onde eu vivi intensamente 5 dias totalmente fora da minha zona de conforto.

Saí de Belém no dia 13 de novembro num voo com escala através da Azul, fazendo uma parada rápida em BH. Já lá no aeroporto eu tava cheia de fome, então não pensei duas vezes em procurar aquilo que mais conforta meu coração, que é um bom café. Foi aí que eu queimei a largada, meus amigos e provei Starbucks pela primeira vez. Mas tava muito calor, então eu pedi um ice coffee mesmo.

Cheguei em SP por volta das 15h e meu amigo Rafa tava me esperando no aeroporto para me ajudar a me localizar. E, nossa, ainda bem que ele me ajudou!

Minha primeira missão era aprender a pegar o metrô. De lá do aeroporto a gente já foi correndo pro air bnb que eu aluguei, que ficava em Vila Madalena. O Rafa foi comigo na estação, me explicou tudo e seguiu o destino dele. De lá eu segui sozinha pra minha primeira parada. Que foi a Liberdade, mais precisamente a We Coffee.
Gente, como eu adorei aquele lugar! Eu pedi mais um café gelado que eu amei muito, um sanduíche e um doce de abelhinha. Porém, de alguma forma perdi todas as fotos e vídeos desse dia :(

No primeiro dia eu me senti muito sozinha. Subitamente, no meio daquela multidão toda eu senti uma coisa muito estranha, que parecia "claustrofobia", só que era por estar num espaço grande demais. Dá pra entender?! Era tanta gente, um lugar tão grande. Eu senti um impactozinho nesse primeiro dia e como não tinha me alimentado muito bem, logo depois do meu café fiz um passeio rápido por algumas ruas e depois voltei antes de escurecer.
Chegando no air bnb, eu liguei pra minha mãe chorando porque tava me sentindo muito sozinha e mesmo morando só, eu não estou acostumada a me sentir assim hahahaha

Mas depois eu me recompus e prometi que faria por mim a melhor viagem de todas.
Foi nesse meio tempo que eu percebi que encarar a nós mesmos sem escolha de fuga é muito difícil.


No segundo dia meu destino era a Pinacoteca, o MASP e o Starbucks (oficialmente). Mas mudei um pouquinho a rota para ajudar uma amiga, a Vi, que me acompanhou no meu rolê. Eu amei conhecer o MASP, ver a obras, contemplar um pouquinho da história, passear pela Paulista e tomar mais um café. Mas São Paulo tava inesperadamente quente, então tomar cafés gelados era a pedida. Lá eu comprei meu copinho que eu queria trazer de lembrança. E a noite combinei com a Vitória de irmos ao Tokyo, um lugar que eu sempre quis conhecer e desde a primeira vez que eu vi no instagram, prometi pra mim mesma que iria lá!


Pra nossa grata surpresa, ganhamos entrada free com consumo mínimo porque a Vitória era aniversariante do mês. Conhecemos todos os andares, o famoso terraço, a gente se divertiu muito no karaokê e eu tomei os melhores drinks que eu já provei na vida! Tokyo, conte comigo na próxima.

De lá a gente foi ao Mc Mil, um bom mc donalds pra elas que não perdem o costume de comer no mc depois do rolê. Gente, isso era uma tradição pra mim. Todas as vezes que eu saía a noite, eu tinha que terminar no mc donalds. Eu não planejei isso, esse fazia parte do roteiro da Vi, mas eu adorei!

O dia seguinte foi um dia muito especial pra mim, foi o dia mais divertido que tive.
Eu visitei uma exposição inflável que tava rolando lá no Parque do Ibirapuera, que eu tinha visto pelo tiktok e não pensei duas vezes em colocar no meu roteiro.

Gente, surreal!

Eu fiquei três horaaas dentro do local, aproveitando cada espacinho e experiência imersiva. Eu e as crianças ali era a mesma coisa. E nesse dia foi um dia que eu me vi diferente. Porque eu tava ali sozinha e perdi totalmente a vergonha de tirar fotos, fazer os meus vídeos sozinha, falar com desconhecidos para pedir um clique... enfim, aquele medinho que eu senti no primeiro dia, eu já não sabia mais nem o que era.

De lá, eu fui para minha segunda parada do dia que era o Café Cherie.
Pode ser precoce dizer, mas eu acho que esse é o café mais fofo de São Paulo. Ele é aquele café famosinho, todo cor de rosa e me deu uma experiência muito mais legal do que eu esperava! Realmente fiquei muito encantada em estar ali e momento dá um quentinho no coração só de lembrar.


Depois do Café Cherie passei no mercado, comprei um vinho e a noite fui visitar a Nandara, minha amiga que mudou pra São Paulo recentemente, e eu já tava morrendo de saudade dela. A gente comeu hambúrguer, bebeu nosso bom vinho e fofocou um bocado!

Mas não demorei muito, porque no dia seguinte era o grande dia! Entre grandes dias que eu já tinha vivido.

Pela manhã eu acordei bem cedinho e fui à Catedral da Sé, agradecer e fazer uma oração. Gente, eu quase fui roubada lá dentro, vocês acreditam?! Mas deu tudo certo, tive o livramento e não aconteceu nada de mais.

De lá, eu dei um pulo na Liberdade mais uma vez, e nessa de pedir fotos pra desconhecidos, acabei conhecendo essa galera que também ia pro show naquele dia. Então a gente resolveu ir comer por ali mesmo. Sim, gente, eu tinha acabado de conhecer eles, fazia, 5 minutos e a gente já foi passear por lá e comer. Provei o famigerado hot-dog coreano, entrei numa piscina de bolinhas toda cor de rosa e enfim, adorei elessss!



E detalhe, tudo isso, em todos os rolês eu tava de metrô! Muito habituada já hahahahah

Fui pro air bnb, me arrumei e parti pro show por volta de umas duas e pouco da tarde. Eu fiquei 5 horas na fila, conversei com a galera que tava perto de mim e uma menina que tava do meu lado a gente se fez companhia, entramos juntas, mas depois a gente se perdeu. Acontece.

Curti tooodo meu show com todo meu amor e, gente, eu não sentia nada, nem sede nem fome, nem vontade de ir ao banheiro, às vezes nem emoção. Eu tava anestesiada total. Ou eu tava chorando ou eu tava paralisada hahahah. Eu só tinha esses dois moods nesse momento.


Assim que o RBD virou as costas, eu rapidamente saí também. Ainda dava tempo de pegar o metrô. Tinha muita gente indo pro mesmo lado, então eu me juntei com mais três meninas e fui junto, seguindo o fluxo. Chegando lá eu ajudei um casal a pegar o metrô pro destino deles que era em direção ao meu e descobri que eles também eram de Belém.

Cheguei em Vila Madalena pouco antes de meia-noite e deu tudo certoooo. Foi incrível! Eu fui dormir sem acreditar que isso tava acontecendo.

Fato curioso: nesse rolê eu fui de ônibus e voltei de metrô. Eu fiquei chocada com quanto eu consegui economizar sendo corajosa.

No dia seguinte era o meu dia de vir embora, mas claro que eu ia me despedir dessa cidade do melhor jeito.

Encontrei a Vi e a amiga dela Kamila, e a gente foi ao Mercado Municipal comer o sanduiche de mortadela, que é quase um ponto turístico. O que é aquilo?! Ainda bem que ele mora lá e eu aqui. 

E visitamos também o Mosteiro de São Bento.

De lá a gente foi pro meu último destino, o Beco do Batman, eu queria obviamente muito conhecer esse lugar que todo mundo fala bem e é até clichê, por isso eu não poderia deixar de conhecer esse. E lá eu tina um plano muito especial, tornar essa viagem ainda mais inesquecível.





Por pura coincidência tava rolando um flash naquele dia. Eu não contei nem tempo. Fui fazer a minha tatuagem em homenagem a essa viagem, a vida, aos nossos sonhos e à nossa coragem em realizar. Essa música com certeza vai marcar pra sempre esse momento e muito do que eu farei daqui pra frente, porque depois de tudo que eu vivi ali, eu nunca vou deixar de acreditar nos meus sonhos.

A volta a Belém foi uma correria, gente. Meu voo foi cancelado, eu tive que sair de Congonhas pra Campinas, chegando lá com o tempo de embarque já na metade e um aeroporto imenso! Claro que eu não passei por essa sozinha.

Essa é a Adri, uma menina que eu conheci na fila do aeroporto e trouxe ela junto comigo porque o destino dela era o mesmo que o meu hahaha.
Até aqui já deu pra perceber que eu tenho uma certa facilidade e fazer amizades né.
Mas deu tudo certo, mesmo a gente saindo correndo pelo aeroporto, meu chocolate quente derramando, minha mala fazendo barulho e um calor terrível. Foi realmente uma cena de filme de comédia e eu só tenho boas histórias pra contar.

Muito obrigada, São Paulo, aatéa próxima! 

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