Tem pessoas que não se encontram

11/08/2025



Você já se perguntou o motivo de, talvez, não dar certo com alguém? De parecer que o universo não conspira à favor de vocês, seja amizade ou amor.

Entendi que mesmo que estejamos pisando no mesmo planeta, não orbitamos o mesmo universo. Se você parar pra reparar e tentar tirar dos seus olhos o cenário que criou com essa pessoa onde vocês dão certo e são felizes, vai conseguir exergar que, provavelmente, vocês vivam em mundos completamente diferentes. Os ambientes, os gostos, as amizades, a fala... Ainda que você admire essa pessoa não é exatamente o que vocês tem em comum que te faz gostar dela, é a autenticidade dela que você gosta. Não é dela exatamente.

Saiba que isso vale pra você também, porque a gente não faz ideia da forma admirável que as pessoas olham pra gente, mas elas olham. Então, deixe que elas te vejam como uma pessoa que se ama, sem receios, pois, uma das grandes verdades da vida, que muitas vezes a gente não entende, é que as pessoas amam pessoas que se amameu já falei isso aqui uma vez – e essa é uma regra que vale pra todos. Quando alguém se gosta, ensina aos outros a gostarem dela também. Essa é aquela premissa de que você ensina às pessoas como te tratarem, ou seja, quando você vê uma pessoa que se trata com amor, respeito e gentileza, você dá a ela exatamente isso, respeito, gentileza e, às vezes, quer dar amor, porque sabe que ela não aceitaria menos que isso.

Agora quanto aquela pessoa que você queria trazer pra sua vida e não está conseguindo, não force conexões, não tente trazer pessoas para sua vida à força, porque eu garanto pra você que as chances de um problema vir junto dela são enormes e vai acontecer cedo ou tarde. As lições são a poesia do erro, é o que o divino entrega pra gente porque é a única coisa boa que se pode tirar de uma situação ruim. Mas, convenhamos, tem coisas que a gente não precisa passar.

Você vai encontrar essa pessoa diariamente, vai amar o que ela faz nas redes sociais, vai admirar a beleza dela, mas onde você se encaixa no mundo dela e ela no seu? É a isso que você deve se atentar antes de se questionar por que essa pessoa não consegue enxergar o valor que você sabe que tem.

Nos corredores da vida vocês podem até passar ao mesmo tempo, centenas de vezes, mas não vão se esbarrar. Fazer o quê?

Minha vida sem o tédio

28/03/2025


Quando era mais nova e tinha acabado de mudar de cidade, minha vida era relativamente “vazia”. Eu tinha acabado de sair do meu emprego, estava recebendo suporte financeiro do seguro, morando de favor na casa da minha prima. Eu não tinha trabalho, eu ainda não tinha um ciclo social, lugares que gostava de frequentar, eu não conhecia quase nada e não sabia andar sozinha na minha cidade ainda, ou seja, eu não tinha coisas pra fazer. Minha ocupação era sonhar.

Eu queria preencher a minha nova vida. Mas por onde eu ia começar?
Nessa época eu tinha três sonhos: trabalhar com fotografia, criar conteúdo e escrever - falar sobre esses assuntos que eu já falo. E continuo com os mesmos sonhos até hoje. Há sete anos.

Lembro que na época eu tinha muita inspiração para escrever e criar, mas pouca coragem pra sair sozinha e pra fotografar na rua, não conhecia lugares ou tinha companhia, então eu foquei em me estruturar primeiro. Em pouco tempo consegui meu primeiro trabalho, era em uma cafeteria e minha vida realmente parecia um filme. Eu tava muito empolgada vivendo e tentava criar do jeito que dava, mas ainda não era perfeito, e por mais que quisesse, sempre tinha algo que vinha antes dos meus sonhos. 

Logo aluguei meu primeiro apartamento, meu primeiro lar e toda a energia que sobrava além do trabalho, era tentando organizar minha casa. Eu já tinha um ciclo social, já conhecia alguns lugares e a vida foi acontecendo. Eu fui subindo degraus, mudei de emprego, ganhei um pouco melhor, comecei a sair mais, mudei de casa de novo, fui promovida, veio a pandemia, mudei de trabalho e tentei empreender. Nunca parei de escrever, mas a fotografia estava na gaveta já há um tempo e eu não me sentia mais uma criadora de conteúdo. Arranjei um novo empego e tentei conciliar os plantões e o empreendedorismo, nesse meio tempo descobri que amava marketing, quis voltar a fotografar, continuei com as vendas e tudo isso demandava tanto de mim que com o passar do tempo não tinha mais disposição pros meus hobbies, nem mesmo para planejar as coisas que eu tinha vontade de fazer, eu só tinha vontade. E isso me gerou muita ansiedade, porque eu percebi que o que era um sonho pessoal com o passar do tempo se tornou um sonho profissional. Eu queria, literalmente, viver de arte e quero. Só que parecia que eu não era mais a mesma. Eu não conseguia mais refletir, vivia ansiosa e sobrecarregada. Sempre tinha algo atrasado pra fazer.

O sentimento de ver o tempo passando e sentir que não estava avançando em nada era constante, a única coisa constante na verdade, pois, não conseguia me manter frequente em em uma das atividades que eu gostava. A escrita, a criação de conteúdo estratégico nichado, a produção para cada plataforma específica. Eu não me sentia segura para nada. Me vi ali segurando vários pratinhos ao mesmo tempo e me veio o sentimento de que quando eu não tinha todas essas ocupações, eu tinha mais de mim pra dar. Foi quando eu decidi olhar pra minha vida de uma forma nua e crua. O que eu dava conta? Quais eram as minhas prioridades? O que era inegociável pra mim? Eu gostava de tudo, mas o que eu amava fazer? E o que me traria renda o suficiente pra fazer o que eu amava? Em todo esse tempo nem um desses sonhos saiu do meu coração, outras vontades vieram no caminho e eu me perdi no que era sonho e carreira, e percebi que o que faltava para eu me encontrar em meio a tudo isso era a “mente vazia”. Justamente o que eu tinha bem lá no começo. 

Uma mente mais vazia nos possibilita se dedicar na medida certa para cada coisa. Isso me ajudou a não confundir meu hobby com trabalho e que por mais que tudo seja aparentemente monetizável, não preciso monetizar tudo. Eu passava 24h por dia pensando em como poderia trabalhar com todas as coisas que eu gostava, mas não estava me saindo bem em nem uma delas. Depois que eu larguei a pressão de fazer tudo virar profissão na marra, as coisas começaram a acontecer (dentro de mim e fora).

Se você anda se sentindo assim, talvez você precise ressignificar os seus pratinhos, não necessariamente largar algum deles, mas equilibrar eles em alturas diferentes. 


Sobre ser presente

27/01/2025

 

foto do meu cafézinho de hoje repleto de afeto


Muito se fala sobre 'ser uma pessoa presente' e quando tocamos nesse assunto, o que vem à cabeça é: nós quanto pessoa na vida de alguém; é muito fácil imaginar esse cenário. Mas hoje a nossa conversa é sobre como ser presente na sua própria vida.

Houve um tempo que eu me sentia muito vazia, muito perdida, como se eu estivesse sempre no piloto automático e é péssimo se sentir assim pelo tanto que você se desencontra de si mesma. É como se você não reconhecesse nada, nem você, nem sua posição diante da vida, seus propósitos... aos poucos você vai deixando de ver graça até mesmo nas coisas que você mais gosta.

Eu precisava sair disso de alguma forma e a resposta não poderia ser mais simples: Esteja presente.

Esteja presente na sua própria vida, desde o momento em que você acorda, no seu café da manhã; se arrume para viver o seu dia, dê atenção a cada tarefa, faça uma de cada vez, faça com amor, aos poucos você vai se sentindo mais presente, mais vivo e vai ver que todos os dias você vai se conhecendo um pouquinho mais. Eu percebi isso no momento em que lavava louça. Era um dia bem difícil, que eu vinha com uma sensação muito pesada de inércia que se arrastava a semana toda. Em um dado momento, deitada no meu sofá, eu comecei a contemplar tudo ao meu redor, me recordei de quando eu não tinha nada daquilo. Nem fogão, nem geladeira, nem mesmo o sofá no qual eu estava deitada, eu não tinha um copo e eu sonhava muito em ter minhas coisas. Nesse momento foi que eu tive o estalo, levantei rapidamente e comecei a lavar a louça que eu tava protelando e me dei conta que o que me afastava de mim era "excesso de preocupações". A mesma louça que tava ali me salvando naquele momento, era a louça que todos os dias me acusava de que eu não era cuidadosa, era desleixada e vários adjetivos que eu sei que não sou, mas sentia que estava sendo. Isso atacava diretamente a minha ansiedade, porque eu sabia que se a minha casa estava bagunçada, era porque a minha mente estava bagunçada. 

Eu associei essa situação com tarefas domésticas, porque quando eu estou muito ansiosa, são sempre tarefas domésticas que me trazem de volta e nesse dia foi assim. Comecei com a louça, meu quarto, o chão da casa e quando vi, já tinha terminado tudo, tomado um banho e estava em paz. 

Eu não sei o que te deixa sã, mas sempre temos um gatilho e o que eu posso te aconselhar é: comece pelo ambiente e tente descobrir o que é que te trás de volta para o presente, pois, quando deixamos de praticar a presença na nossa própria vida, para o nosso próprio bem, impedimos a nossa evolução de acontecer. É por isso que você sente que não se conhece.

Agora vai lá. Te desafio a me deixar falando sozinha aqui e ir fazer alguma tarefa que você sabe que precisa da sua atenção.

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